Friday, January 27, 2006

Marketing e Desenvolvimento Sustentável



Está já editada a versão portuguesa de "Marketing e Desenvolvimento Sustentável" do World Business Council for Sustainable Development, com o apoio do BCSD Portugal e da Universidade de Cambridge.
Esta brochura destina-se a profissionais de marketing e a responsáveis de áreas de comunicação, gestão da marca e desenvolvimento de novos produtos e divide-se nas seguintes secções:
- Criar vantagem competitiva através da inovação da marca;
- Consolidar a confiança junto de clientes, consumidores e sociedade;
- Desenvolver oportunidades de mercado;
- Planear a mudança;
- Orientação para a gestão do desenvolvimento sustentável.
Esta publicação está disponível na versão online em: www.bcsdportugal.org

Thursday, January 26, 2006

All the world's a stage!



Consumidores, actores, desta sociedade em que cada vez somos mais exigentes. Já não queremos só comprar produtos. Exigimos inovação, personalização, experiências. Curiosamente, as empresas tentam adaptar-se às nossas preferências e gostos, mas também essas experiências nos transformam e contribuem para a nossa mudança, enquanto seres humanos e sociais.
Estamos bem na era da interacção. Não somos só consumidores, somos agentes activos do próprio processo de relação com as empresas e com a prestação de serviços.
Não somos só consumidores, somos pessoas, actores multifacetados na complexidade do mundo actual.

Wednesday, January 18, 2006

A "marketing"_mania do rigor


(Imagem cedida por www.bonsai.com.pt)

Há alguns dias, num jantar de carácter empresarial em que muitas vezes estamos envolvidos, discutia-se um qualquer assunto sobre o qual veio à colação o tema do marketing e da ética.
Dizia um dos nossos interlocutores - falando de um programa de televisão como um produto - que há alguns programas que têm sucesso "à custa do marketing, esquecendo-se completamente questões ligadas à ética e ao que seria socialmente desejável aparecer no dito meio".
Esta noção - errada - existe ainda em muitas cabeças. Parece daqui inferir-se que, há o lado bom da vida - ético, puro - e depois o lado mau, condenável - o do marketing.
O marketing não tem, necessariamente - não deve e não pode mesmo - ser separado da ética. Não se deve confundir, marketing, comunicação, persuasão com "falta de ética". O marketing tem de respeitar - e respeita na maioria das vezes - os princípios éticos da sociedade.
No sentido actual do termo, de certo modo que o marketing é uma forma de melhor ajudar o relacionamento com um dado alvo - disponibilizando-lhe aquilo que lhe seja relevante - por parte de uma entidade, empresa ou organização, com os sem fins lucrativos, que desenha um produto ou um serviço, que àquele se destina, e está em conformidade com os seus interesses.
E isto foi proferido, não naturalmente por um profissional de marketing, mas por um responsável de uma empresa de alguma dimensão no nosso mercado.
Não façamos confusões!
O marketing tem "destas", todos falamos quer percebamos ou não alguma coisa "dele".
Tentemos ser um pouco mais rigorosos.
Afinal ler um bocado, nem que seja passados alguns anos da nossa passagem pela escola, não faz mal a ninguém.

Carlos Manuel de Oliveira

Sunday, January 15, 2006

Premio "Para um Marketing Sustentavel e com Consciencia"


- Se a sua empresa tem projectos nos âmbito da responsabilidade social empresarial
- Se a sua empresa assume uma clara estratégia de sustentabilidade
- Se desenvolveu algum estudo de mercado, análise ou "paper" neste domínio

Inscreva-se no Projecto da APPM, "Para um Marketing Sustentável e com Consciência"
(www.appm.pt ou tel. 217 803 550)

Recepção de inscrições: até 20 de Janeiro de 2006
Recepção de projectos: até 1 de Março de 2005
Análise / avaliação de projectos: 22 de Março de 2006
Divulgação dos Resultados: semana de 27 a 31 de Março de 2006
Conferência “Marketing Sustentável e com Consciência”: 6 de Abril de 2006

Saturday, January 14, 2006

A Marketeer faz 10 anos!



(Capa da edição nº1, Janeiro 1996)

Este mês a Marketeer faz 10 anos! Quem acreditaria há 10 anos atrás! Um então grupo de directores de marketing, dos mais diversos sectores de actividade decidiram lançar um projecto editorial. Poucos recursos, mas muita vontade. E aqui está, passado o tempo, o modelo-base mantém-se. Os leitores apoiaram e juntamente com os anunciantes viabilizaram o projecto. Como um dos subscritores do projecto, obrigado a todos.
A edição de aniversário estará nas bancas no dia 20. É imperativo comprar!

Friday, January 13, 2006

Seminario Marketing Sustentavel









A Agência de Comunicação Sair da Casca e o BCSD Portugal, organizam um Seminário sobre Marketing Sustentável, com o apoio da APPM, APAP e IBM, no próximo dia 25 de Janeiro, pelas 14,30 h. no IBM Forum Lisboa, no Parque das Nações.
São oradores, António Raposo de Lima(administrador IBM), Christian Kornevall(director do WBCSD), Carlos Manuel de Oliveira(Presidente APPM), João Carlos Oliveira(Presidente APAP), Nathalie Ballan (Managing Partner Sair da Casca), Rui Anjo (Danone), Paulo Fidalgo (Director Geral Comunicação Millennium BCP), Maria da Conceição Zagalo(Directora Comunicações e Programas Externos, IBM), Francisco Sanchéz (Presidente BCSD Portugal). São moderadores, Alberto da Ponte(Presidente do ICAP) e Pedro Santos Guerreiro(Director Adjunto Jornal de Negócios).

Tuesday, January 10, 2006

Portugal Marketing Awards


Está no ar a 4ª edição dos Portugal Marketing Awards, referente ao ano de 2005, uma iniciativa da APPM, Associação Portuguesa dos Profissionais de Marketing. Os nomeados são anunciados hoje, dia 10 de Janeiro.
Consulte e Vote, em www.appm.pt

Monday, January 02, 2006

Os novos desafios do marketing - brief



Fim de ano, princípio de outro.
Momento sempre aproveitado para se fazerem balanços do que se fez e o que se perspectiva fazer no próximo futuro.
Época, talvez tão boa como qualquer outra mas momento, sem dúvida de ouro talvez mesmo higiénico, para os cérebros humanos se re-arrumarem e ordenarem ideias, tentando tornar lógico o que, muitas vezes, é o fruto de continuadas experiências empíricas, não necessariamente pré-coordenadas.
Neste contexto, assumindo o marketing um papel de crescente relevância, não só na gestão das empresas, mas também na de quaisquer outras organizações, que questões se levantam actualmente ao marketing? Em que novos processos está ele envolvido? Quais os novos desafios com que se defronta?
Dez tópicos condensam, no meu entender, algumas daquelas mais importantes questões:

1. Marketing Sustentável
O desafio de ser socialmente responsável, respeitando os diversos “stakeholders”, assegurando simultaneamente processos de produção lucrativos e socialmente relevantes

2. Marketing de Permissão
Comunicar eficazmente com o consumidor, evitando a intrusão abusiva no seu íntimo. Neste domínio, as novas técnicas do “tryvertising” assumem particular relevância pela possibilidade optativa do consumidor na experimentação dos produtos ou serviços

3. Métricas de marketing
Assegurar a pertinência e a necessidade dos esforços de marketing, para se atingirem objectivos de sobrevivência e de sucesso. O desafio da quantificação e da mensuração das políticas e das acções, desde o lançamento dos produtos até à eficácia da sua comunicação

4. Diferenciação/Branding
Do paradigma do mix ao paradigma da marca. A marca como pilar-base da missão empresarial e da definição do aparelho organizativo, assim como de todas as estratégias empresariais
Diferenciar as marcas procurando a sua relevância na mente do consumidor

5. Segmentação vs Ageless Marketing
Comunicar com relevância para os diversos segmentos-alvo, mas atender aos processos de evolução demográfica e à necessidade de captação de audiências mais alargadas e relevantes no domínio das decisões de compra, caso das mulheres e dos segmentos seniores

6. Neuromarketing
Utilizar técnicas auxiliares de conhecimento humano de outras ciências, com o objectivo de melhor detectar atitudes, formas de reacção e comportamento dos consumidores, atendendo ao seu processo de decisão, de cariz essencialmente emocional e sub-consciente.

7. Marketing Experiencial
Desenvolver experiências de relação com os consumidores, assegurando a respectiva coerência em todos os pontos de contacto, de forma a criar memórias positivas em relação às marcas.

8. Globalização das estratégias
Do marketing global, ao marketing local, à globalização das estratégias
Estratégias vencedoras não serão, necessariamente, aquelas desenhadas transnacionalmente. Bons casos de sucesso, poderão partir de bem sucedidas experiências locais ou regionais, as quais devido ao seu conceito, ou mercado, sejam susceptíveis de ser extensíveis a dimensões mais alargadas.

9. Fidelização
Sendo devidamente conhecida a necessidade de se fidelizarem os clientes visto que, como afirma Don Peppers, “os clientes são o bem mais escasso”, as empresas continuarão a ter de encontrar formas de o concretizar tendo, por vezes, de sacrificar o curto prazo perante os resultados desejados no médio-longo prazo. Neste âmbito, afiguram- se-nos como algo perigosas, estratégias de cariz unicamente financeira, que não utilizem e avaliem outros indicadores de gestão, ligados aos clientes e aos mercados.

10. Valor
Os consumidores, ao serem cada vez mais informados, exigem valor nas ofertas que lhes são apresentadas. As análises custo-benefício, sempre subjectivas, expressarão a sua forma da utilidade dos produtos e dos serviços.

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Carlos Manuel de Oliveira *

Marketing Experiencial



“ Touch points – Marketing Experiencial” (*)

Cérebro brilhante que viveu no séc. XVIII, numa época em que não se falava certamente ainda de marketing, Benjamin Franklin, afirmou, a dado momento:

“Contem-me, que eu esquecerei.
Mostrem-me, que eu talvez possa recordar.
Envolvam-me, que eu compreenderei”.

Curiosamente, esta frase contém a essência e o conceito do tema do marketing experiencial.
O ponto de partida é o de que a grande maioria das decisões dos consumidores assume um pendor de raiz marcadamente emocional - estudos empíricos apontam para mais de 85% - pelo que, no sentido de os captar e fidelizar, há que desenvolver experiências de marca que os impactem e envolvam significativamente.
Bernd Schmitt, consultor, e professor da Graduate School of Business, da Universidade de Columbia, acredita que, "estamos bem no meio de uma revolução... que vai tornar obsoletos os princípios e os modelos do marketing tradicional. Uma revolução que vai substituir o marketing tradicional pelo marketing experiencial.”
Alguns economistas têm vindo a debruçar-se sobre esta temática, no que se refere aos domínios e impactos – aliás confluentes com a ciência da gestão e com o marketing – nas teorias da preferência, satisfação, utilidade do consumidor e risco, a nível da microeconomia e, talvez até, do bem estar.
Mas, já em 1925 o economista Jacob Viner (“The Utility Concept in Value Theory and Its Critics”), referia que:
“O comportamento humano em geral e, presumivelmente em consequência, também em relação ao mercado, não é constante e rigorosamente orientado por cálculos hedonistas, mas é o resultado de um instável e irracional complexo de acções reflexas, impulsos, instintos, hábitos, costumes, modas e histerias”.
Anteriormente já em 1871, outro economista, William Jevons, em “The theory of Political Economy”, interrogava-se sobre a racionalidade das decisões humanas e referia, "o complexo instável e irracional das influências não pode ser medido”
e acrescentava, “... hesito afirmar que os homens alguma vez terão os meios para medir directamente as sensações emocionais”.
Mas parece que Jevons estava enganado! Os pensamentos e as sensações podem agora ser avaliados e medidos directamente pelas novas descobertas da neurociência.
É possível estudar o comportamento do cérebro humano, em particular da interacção entre as suas diversas áreas e, neste particular, brilhantes contribuições têm sido dadas por um dos nossos mais eminentes cientistas, o Prof. António Damásio, director do Departamento de Neurologia da Universidade de Iowa, nos EUA, “as emoções constituem as pedras de toque da relevância pessoal”.
É um fantástico novo mundo, no qual a neurociência nos ajuda a melhor compreender o comportamento humano nas suas diversas facetas e ao qual o marketing tem ido beber o que mais se insere nas suas preocupações, o do conhecimento do ser humano enquanto destinatário de mensagens comunicacionais e potencial consumidor.
Como referem ainda os economistas, Colin Camerer, George Loewenstein e Drazen Prelec, em “Neuroeconomics: Why economics needs brains”:

“- Os economistas enfatizam a racionalidade;
- os psicólogos, os limites cognitivos e a sensibilidade às escolhas em determinados contextos;
- os antropologistas, enfatizam os fenómenos de aculturação;
- os sociólogos, as normas e os constrangimentos sociais”

e eu, acrescentaria,
- caberá aos profissionais de marketing a árdua tarefa da conjugação e modelização de todos estes factores com uma acentuada dose de criatividade.

O MARKETING EXPERIENCIAL
A fase mais remota do marketing experiencial terá começado com o “product sampling", já tão antigo quanto a actividade de retalho. Esta actividade - não a querendo subestimar porque continua a ter um papel relevante - pouco mais provoca que um contacto do consumidor com o produto; o “product sampling” passou nalguns casos a ser integrado com a realização de eventos. Aqui, tenta-se propiciar a experimentação do produto com a criação de um ambiente potencialmente favorável à marca.
O marketing experiencial, corresponde a uma fase mais desenvolvida e integrada do conceito, passa:
- pela criação de uma atmosfera favorável no local de venda e despoletadora de reacções sensitivas positivas;
- pela experimentação de um produto;
- pela existência de um serviço adequado aos diversos clientes que os possam envolver, preferencialmente, com os valores da marca;
- passa, ainda, pela possibilidade do que eu chamaria de “cross-product sampling”, através do qual o consumidor/cliente, usufruindo de um determinado serviço que previamente escolheu, é confrontado com a oferta/experimentação de um outro produto/serviço, até de outra marca, de outra empresa, que com o primeiro se inter-relaciona. Citando como exemplo simples, já diversas vezes realizado em Portugal, a ligação p.e. de um hotel a um rent-a-car.
Em síntese, o marketing experiencial, envolve uma gestão integrada e holística da marca, conducente à criação de experiências emocionais nos consumidores ou clientes, assegurando-se a coerência necessária para suscitar recordação.
Este processo pode ser optimizado se passar por uma adequada segmentação comportamental, selecção e optimização dos alvos, de forma a que as experiências criadas – à partida tendo em atenção esses comportamentos e expectativas - venham a ser, de facto, relevantes para esses consumidores, de modo a poderem ter uma maior probabilidade de êxito posterior, mensurável e traduzível em compras efectivas.
Bernd Schmitt, autor do livro “Experiential marketing”, condensa o conceito referindo que há 4 diferenças básicas entre o marketing tradicional e o experiencial:
1. Focaliza-se nas experiências do consumidor, isto é as experiências substituem os valores funcionais;
2. Encara o consumo como uma experiência holística. Ele exemplifica dizendo que o novo profissional de marketing não deve pensar apenas shampoo, creme de barbear ou no secador de cabelo, mas sim na “sessão de beleza e bem estar em torno do banho” e como se pode melhorar essa experiência;
3. Compreende que os consumidores são seres racionais e emocionais;
4. Utiliza métodos e ferramentas de forma ecléctica, diversificados e multifacetados, isto, é não é dogmático quanto às metodologias, desde métodos analíticos, quantitativos, qualitativos, como intuitivos, verbais, visuais pela observação quer em laboratório quer no teatro da vida real. Devem estes métodos ser ideográficos (desenvolvidos para uma situação específica), em vez de nomotéticos (em que há um formato padronizado para todos os entrevistados).
A presença da preocupação experiencial é já latente em formas de comunicação/campanhas e lojas de algumas marcas, em que se pretende principalmente reflectir ambientes e não propostas comerciais de hard-selling (Nike stores, Sephora, Apple ou as novas lojas da TMN).




Como já referi, todas as experiências apontam para que a larga maioria das decisões dos consumidores se situa não no foro do racional, mas no foro do emocional.
Cremos que no processo de construção e fortalecimento das Marcas, o marketing experiencial, que pretende envolver emoções, a razão e os sentidos, não constituirá assim uma moda, mas um imperativo do marketing do séc.XXI.
Citando alguém cujo nome, lamentavelmente, não me ocorre, “É necessário criar experiências que façam acelerar o ritmo cardíaco. As pessoas necessitam de sensações. Sem emoção, um produto é somente um produto ”.
O famoso neurologista canadiano Donald Calne, professor e director de unidade de investigação do Hospital de Vancouver, refere que, “a diferença essencial entre a emoção e a razão, é que a primeira leva à acção e a segunda a conclusões”.
Más notícias para uns, que intitularia de “demasiado racionalistas”, boas notícias para outros, a que eu chamaria de... “seres humanos”. Afinal, não obstante o primado da racionalidade humana, é bom que não sejamos máquinas pré-programáveis, e que o domínio das emoções nos caracterize igualmente e esteja bem presente no nosso complexo decisional.






TOUCH POINTS-EXPERIÊNCIAS
Para que as marcas sejam mais eficazes na sua relação com os alvos pretendidos, têm de ser relevantes, pertinentes e com capacidade de interagir, positiva e emocionalmente com o consumidor, através de uma consistência e coerência em todos os pontos de contacto, os “touch points”.
Isto é, num mundo de “commodities”, a diferenciação é cada vez mais difícil e o próprio consumidor procura novas sensações, novas experiências. Tomar um café numa “vending machine” não é certamente o mesmo que o tomar num ambiente mais agradável, seja num Starbuck´s, num Cup & Cino ou num Magnólia. E o valor percebido pelos consumidores é certamente maior, porque muitos até estão dispostos a pagar mais por isso!
Novas oportunidades estão assim a despontar e as marcas mais capazes e vencedoras serão certamente as que dessa realidade se aperceberem e tiverem para ela a resposta certa. Então, uma questão se levanta, para que essa resposta seja adequada e eficaz, há que continuamente encontrar novas formas de entender os interesses dos consumidores, como eles variam ao longo das suas vidas, situações e ambientes, como se processa o seu mecanismo de decisão em cada momento, quais os fundamentos mais profundos dessa decisão.
Mas porquê?
Por vezes muitos de nós, analistas de mercado ou utilizadores das pesquisas mais tradicionais, somos confrontados com conclusões de estudos que não nos ajudam muito, para além de constatarem o que parece óbvio mas que, na realidade, não explicam verdadeiramente os mecanismos de reacção e decisão do consumidor. Por isso, casos há em que aparentemente tudo foi seguido “by the book”, quero dizer, devidamente testado, planeado, estudado e apòs o lançamento do produto verifica-se o seu insucesso e não apreciação dos consumidores, quando tudo parecia apontar antes para o contrário.
Dizia Einstein: “not all that can be counted counts and not all that counts can be counted”.
Uma das razões para o por vezes insucesso destes lançamentos no mercado, poderá ser, o não se ter devidamente conseguido perceber como o consumidor reage, prefere, decide.
Kevin Roberts, Presidente mundial da Saatchi & Saatchi, que recentemente esteve em Portugal, refere no seu último livro “LoveBrands”, “a pesquisa de mercado precisa sobretudo ajudar-nos a descobrir o que não sabemos que não sabemos”. Afirma ainda que: “precisamos considerar a vida das pessoas como um todo, as suas esperanças e sonhos, seus medos, o que amam, odeiam, necessitam e querem. O que as incomoda. Precisamos entender o que tem significado e importância para elas, não apenas o que compram e usam”. E, finalmente, “Não faz sentido medir a emoção com os métodos tradicionais. São necessários novos métodos. Se desejar entender como um leão caça, não vá ao Zoo, vá à floresta”.
Conclui o autor, atendendo aos processos emocionais comprovados do consumidor e da decorrente melhor forma das marcas se poderem afirmar perante eles, “All you need is love”, isto é, a forma de uma marca se afirmar perante um consumidor é conseguir criar um ambiente de Mistério, Sensualidade, Intimidade.
- o Mistério tem a ver com o passado, o presente e o futuro da marca, melhor potenciado caso haja uma verdadeira história a contar
- Sensualidade, através do efeito criado pela afectação dos 5 sentidos:
. Audição (o “Intel Inside”; o ruído de um Ferrari, ou da ligação de telemóvel Nokia)
. Visão (a garrafa e a cor vermelha e branca da Coca-Cola, verde Benetton)
. Olfacto (McDonald’s, Singapore Airlines)
. Tacto (B&O)
. Paladar (Coca-Cola)
... na senda aliás dos trabalhos desenvolvidos por um dos actuais gurus do branding, Martin Lindstrom – sobre o qual, aliás, recomendo a leitura do seu livro “Brand Sense”, ele aponta para a necessidade das marcas efectuarem não uma USP, mas uma HSP, “Holistic Selling Proposition”.
- Intimidade, através do efeito conseguido de Compromisso, Empatia e Paixão (Harley Davidson)

O NEUROMARKETING
Qual o papel do neuromarketing neste contexto?
O neuromarketing consiste em observar a actividade do cérebro humano, através da estrutura de funcionamento dos neurónios, quando exposto a diversos estímulos externos, identificando desta forma os padrões utilizados pelo consumidor para avaliar uma marca, produto, etc. Com a utilização de equipamentos de ressonância magnética, procura identificar como as pessoas sentem e que não é revelado através da pesquisa efectuada por questionários, entrevistas ou focus groups.
O que distingue o neuromarketing de outras técnicas de investigação, é o facto de não se questionar o indivíduo, mas o seu cérebro, evitando-se assim certos enviesamento; o seu objectivo, é o de compreender como o cérebro pensa, sente e motiva o comportamento de compra. Por outras palavras, é analisar a percepção do consumidor e o processo através do qual o cérebro organiza, codifica, integra, e utiliza a informação recebida.


Anette Asp, cordenadora de pesquisa de neuromarketing, California Institute of Technology



A pesquisa em neuromarketing é ainda caracterizada pela possibilidade de poder, idealmente, correlacionar hipóteses acerca de certos mecanismos e áreas do cérebro (como a localização e activação), com variáveis intermédias não observáveis (como a utilidade, as crenças, o planeamento futuro) e ainda com o comportamento observável (como as escolhas).
Algumas organizações têm sido pioneiras na utilização desta técnica de Magnetic Ressonance Imaging (Imagiologia da Ressonância Magnética), como a Universidade de Harvard, nos fins dos anos 90; a consultora Brighthouse, de Atlanta, em 2001; a Emory University, também de Atlanta e o Caltech/California Institute of Technology.
Algumas empresas, nos EUA, no Reino Unido, na Alemanha, já utilizaram a mesma tecnologia, através daqueles centros de investigação, no sentido de melhor compreender o que move os consumidores. Exemplo disso, são, as conhecidas Coca-Cola, Delta Airlines, a Daimler-Chhrysler-Benz, a Ford e a Home Depot (o maior e mais bem sucedido gigante americano do retalho, de móveis e artigos para casa).
Esta nova técnica tem gerado, por outro lado, alguma polémica por parte de algumas organizações, certamente infundada visto que, à semelhança de outros estudos de mercado, se pretende melhor conhecer o consumidor, não se vislumbrando sequer a possibilidade de o influenciar posteriormente através dos meios utilizados, detectando como diriam os americanos qualquer “buy-button” no cérebro.
Contudo, alguns receios têm sido explicitados, no que respeita à utilização destes meios por parte de empresas produtoras de produtos considerados não recomendáveis, como o tabaco, álcool, fast food; ou de utilização para fins políticos totalitaristas; ou ainda para a promoção da degradação de valores, como a violência, a dependência da droga, pornografia e outros comportamentos anti-sociais.
Certo que todos somos influenciáveis pela multiplicidade de mensagens que nos rodeiam, provenientes dos mais diversos emissores, dos mais diversos meios. Mas não é por isso que deixamos ou não sejamos capazes de poder exercer uma escolha livre!
Conhecer o consumidor continua a ser, pois, a obsessão do profissional de marketing, com o objectivo de efectuar uma adequada segmentação, que interiorize as suas novas formas de comportamento, cada vez mais cambiantes face à multiplicidade de situações a que é exposto. Só assim, o profissional do marketing e da gestão – na realidade nós todos - pode contribuir para o melhor ajustamento da oferta às necessidades dos seus clientes.

CONCLUSÃO
É talvez por tudo isto que o marketing é uma área excitante e envolvente. Uns, quererão situá-lo na área mais racional das ciências. Outros, nas áreas mais criativas da arte.
Na minha opinião, não há marketing sem ciência, mas também não há marketing sem arte. Aqui está o belo da questão... a interacção criativa entre os dois domínios. Afinal não corresponderá isto à essência a ao que há de mais rico no ser humano?
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(*) Carlos Manuel de Oliveira
(Súmula da introdução ao Congresso Internacional de Marketing, VII Semana Nacional de Marketing. APPM, Estoril, Novembro 2005)

SalsaMania

e, para variar,... para isto não ser só marketing, aqui vai...







O melhor e mais internacional par de salsa português e um dos melhores do mundo! Vanda Gameiro e Nuno Furtado.
Não estejam "out"! Experimentem dançar.





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