Saturday, April 02, 2005

Sempre a questao da Marca Portugal

SEMPRE A QUESTÃO DA MARCA PORTUGAL

O assunto não é novo, o que não significa que aparentemente se tenham dado passos significativos para o resolver. E, refiro-me, à problemática da marca-país, neste caso da marca-Portugal.
Em meu entender o tema foi tratado, ou pelo menos disso parece ter tido contornos no passado, com uma demasiada carga política – partidária – a qual não será certamente a melhor forma de o fazer.
Ter-se-à chegado à conclusão e, permito-me disso discordar caso a afirmação esteja correcta que, a questão se resumiria - claro que irei simplificar - a apoiar algumas marcas comerciais portuguesas para que elas no futuro e ao longo do tempo, pelos menos as que viessem a ser mais sucedidas, trouxessem um capital de valor acumulável à marca do país de origem, neste caso a Portugal.
Até parece que teoricamente está certo, ou pelo menos certo que isso seria/será desejável, mas atenção não esqueçamos as questões práticas, em particular as razões e comportamentos de quem está e gere os respectivos negócios.
Confidenciava-me há algum tempo,um bem sucedido empresário português – aliás não foi o primeiro – que tinha sido convidado pelo ICEP para aderir so programa de marcas portuguesas, mas que logo tinha declinado, porque na sua visão do mercado, esse reconhecimento de origem-país no mercado internacional só constituiria um obstáculo para a sua penetração e não um apport positivo à sua expansão. Logo, a última coisa que a sua marca assumiria era a nacionalidade portuguesa!
Não caiamos no erro de numa reacção imediata considerar que o dito empresário bem sucedido – o qual obviamente não revelo por uma questão de direito à confidencialidade – é antipatriota ou rejeita a – sua – nacionalidade.
Há que distinguir neste caso, entre os “filósofos” e os “práticos”. Na realidade as políticas deverão estar ao serviço do crescimento e desenvolvimento económico e social e logo o Estado deve procurar criar as condições para que os empresários e os investidores potenciem os seus negócios.
E, de facto, pelos diversos estudos efectuados em Portugal e no estrangeiro, infelizmente para todos nós, a Marca-Portugal não aporta valor positivo para as marcas comerciais portuguesas, mas destrói valor.
O que fazer então? Certamente não será o de continuar a manter condições para que os detentores de marcas continuem a querer ocultar a origem – portuguesa – das ofertas que fazem no mercado internacional.
Dito isto, sou de opinião que o projecto Marca Portugal deverá/tem de ser revisitado.
Não se trata de gastar milhões – que certamente não temos – em campanhas internacionais de imagem de Portugal, com as clássicas praias e as belas paisagens que temos no nosso país. Algo tem de ser feito, que projecte uma imagem de futuro, concreta, do nosso país baseada em objectivos estratégicos para o país (??), realizações, sucessos, iniciativas, produtos bem sucedidos.
Mais do que querer tentar apontar aqui soluções, esta contribuição visa voltar a levantar uma questão que considero estratégica e de importância fundamental para o desenvolvimento da nossa economia, o que é o mesmo que dizer de Portugal.
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Carlos Manuel de Oliveira
Abril 2005