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JÁ É TEMPO DE ACEITARMOS O NOVO FUTURO!
Parece que – infelizmente – já nos começamos a “acomodar” a viver em crise. Qualifico a situação, porque julgo que o temos vindo a fazer para o bem e para o mal.
Para o bem, porque os momentos de baixa conjuntura são sempre apropriados, para se repensar os negócios, as estruturas, a organização, os mercados. Reestruturam-se empresas, re-equacionam-se cadeias de valor, limpam-se algumas gorduras. Os consumidores começam a utilizar o seu orçamento de forma mais equilibrada, preocupando-se com a esquecida poupança.
Para o mal, porque subitamente parece que nada há a fazer! Ousaria dizer que talvez alguns esperem “o dia” em que nalgum jornal matinal, notícia de rádio ou televisão, alguém responsável afirme “a crise acabou!” e, logo então, poderemos começar novamente a consumir e a investir .
De facto, não é fácil gerir em crise. Os investidores não investem, os consumidores não consomem. Cria-se um ambiente não propício ao desenvolvimento dos negócios e aos novos negócios, mas que também, perigosamente, será comprometedor do futuro.
A conjuntura, internacional e nacional não é, de facto, a mais favorável a um grande optimismo futuro. Não podemos fechar os olhos à eminência do cenário de guerra no próximo oriente, às eventuais repercussões sobre o mercado dos produtos petrolíferos e sobre as consequentes cadeias produtivas a jusante. Também não podemos ignorar os défices público e externo da economia portuguesa.
Contudo, em nosso entender, há também uma forte barreira psicológica que tem de ser ultrapassada e que é, por natureza, castradora da próprias energias positivas que têm de ser encontradas – nas empresas, nos projectos, nas autoridades públicas – com o objectivo de ultrapassar a própria crise.
O cenário em que se desenvolve a economia mundial está a mudar. O mundo económico-político-estratégico procura novos equilíbrios estes, certamente, instáveis.
Nunca mais o quadro de funcionamento da economia e, no particular, dos negócios será o mesmo. O proteccionismo do Estado e da União Europeia está em vias de se atenuar ou desaparecer. Novas condições de concorrência advêm do novo alargamento da União Europeia.
Estamos na altura de “crescer”, de “sair de casa dos nossos pais” e procurar a nossa autonomia, naturalmente dentro do quadro geo-político existente, de forma a “re-aprendermos” a conduzir os nossos negócios em novos cenários, instáveis, por vezes dificilmente previsíveis.
É nosso entender que se insere neste quadro o papel da “nova gestão” ou, se quisermos, do “novo marketing”.
Se acreditamos que uma das soluções passa por reorganizar a empresa - verdadeiramente - na óptica do cliente, isso não significa, pura e simplesmente, reduzir custos – tentando resolver o presente – pondo em causa a qualidade de serviço ao cliente – sacrificando o futuro.
Neste novo ambiente, cabe os marketeers serem motores de mudança, mais inventivos, sempre insatisfeitos com o status, pensando e repensando, os clientes, os canais, as ofertas, as propostas de valor, contribuindo para que os objectivos empresariais enunciados sejam atingidos, até porque estes têm a obrigação de “transportar mentalmente” uma nova forma de estar nas empresas e nos negócios.
Caberá aos gestores que quiserem vencer, ter a tal visão ou “filosofia” de marketing, de que tanto falam os académicos, mas que se traduz em novas práticas efectivas de gestão, tendo como factor central o cliente.
Cabe aos investidores, encarar o futuro de uma forma diferente, ou talvez de formas sempre diferentes, aceitando que “a realidade já não é o que era” e que, por consequência, há novos desafios a enfrentar e há que encarar o novo futuro.
Não podemos mais estar à espera que surja a luz ao fundo do túnel. Temos de ser nós a criar a energia suficiente para que ela se acenda.
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Carlos Manuel de Oliveira
Nota Editorial Marketeer
Janeiro de 2003
Wednesday, January 08, 2003
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